Nosso mundo tem vivido uma verdadeira revolução tecnológica. Nos últimos 30 anos,
avanços em diversas áreas, como a de tecnologia da informação, têm ocorrido de
forma bem acelerada, com o potencial de trazer mudanças radicais em várias dimensões
de nossas vidas, como observou Silberglitt et. al. (2006). As aplicações da tecnologia
podem ajudar a atacar alguns dos problemas mais importantes que várias nações enfrentam,
como educação, desenvolvimento econômico e vários setores críticos. Porém, para
que haja o avanço tecnológico, uma série de barreiras devem ser enfrentadas, como
habilidade técnica, criatividade e recursos financeiros, sociais, políticos e culturais.
Nesse sentido, acreditando no poder da universidade de impactar além de suas fronteiras,
consideramos viável buscar gerar soluções tecnológicas inovadoras que beneficiem
a sociedade, e especialmente regiões mais próximas de nosso Campus, como os municípios
de Rio Tinto e Mamanguape, além de outras regiões da Paraíba, como o Geoparque
Cariri Paraibano. Além de enfrentarem graves déficits educacionais, são regiões
de muitas riquezas naturais e culturais que são muitas vezes desconhecidas pela
própria população local ou paraibanos de maneira geral. Rio Tinto, por exemplo,
apresenta um dos menores índices de desenvolvimento da educação básica nos anos
finais, segundo o IBGE (2013), já que obteve índice 3, enquanto o índice brasileiro
é 4,9. O índice paraibano em si já é baixo também (3,2), o que nos estimula a procurar
promover ações que promovam melhorias na educação em nosso estado, podendo ser
os recursos tecnológicos poderosos meios para isso. Não basta, porém, ter os dispositivos
em si, é importante que nestes dispositivos possam ser instalados aplicativos que
auxiliem nesse processo educacional atacando problemas críticos como o analfabetismo.
Conforme destacam Breazeal et al. (2016), há vários trabalhos focando no uso da
tecnologia para apoiar a educação de pessoas já alfabetizadas, mas pouca atenção
é dada às populações ainda não alfabetizadas, principalmente no mundo em desenvolvimento.
McManis (2012), por sua vez, destaca o forte potencial que dispositivos móveis
oferecem para que seja provido conteúdo educacional para crianças em vários níveis.
No entanto, nem sempre tais recursos são acessíveis pelos menos favorecidos e a
grande maioria deles está disponível apenas na língua inglesa. É nesse contexto
que este projeto se insere, buscando soluções que sejam acessíveis até mesmo aos
mais humildes e que permitam uma aprendizagem contextualizada e focada nas realidades
de diferentes regiões, a começar pelo nosso contexto regional. Desenvolver software,
no entanto, não é uma atividade simples. Além da habilidade técnica, trabalhada
em algumas disciplinas dos cursos de computação e sistemas, é preciso que quem
desenvolve possa compreender bem os problemas que está tentando resolver com o
software e que possa trabalhar em parceria com outros profissionais que ajudarão
o software a ser ainda mais amigável, útil e agradável graficamente, como profissionais
da pedagogia, do design e geografia/ecologia formados e em formação. Acreditamos
que o projeto vai fazer com que os discentes possam colocar em prática e aprofundar
conhecimentos adquiridos em várias disciplinas de seus cursos, além de trazerem
à sua formação o diferencial de trabalhar numa equipe multidisciplinar em um projeto
real interagindo com docentes e profissionais de diferentes formações. Para os
professores da UFPB envolvidos, o projeto oportunizará cooperações bem importantes
para o fortalecimento das pesquisas e ações de ensino e extensão ao unir experiências
e conhecimentos diversificados dominados por cada um.